O governo Bolsonaro quer vender todo o patrimônio nacional e acabar com a soberania de nosso país. Isso é o que se pode depreender a partir da declaração do ministro da Economia Paulo Guedes, durante cerimônia que a Câmara de Comércio Brasil-EUA realizou na quinta-feira (16) para homenagear o presidente brasileiro.
Guedes foi aplaudido de pé por empresários americanos quando disse que vai transformar o Brasil em uma economia de mercado, acabar com o monopólio do mercado de petróleo e gás e fundir o Banco do Brasil com o Bank of America, nos mesmos moldes da realizada entre a Boeing e a Embraer.
Guedes confidenciou que, juntamente com Bolsonaro, se reuniu com Darren Woods, diretor executivo (CEO) da petrolífera Exxon Mobil, para quem prometeu o fim do monopólio de exploração da Petrobras e a abertura do mercado de petróleo e gás brasileiro.
“Isso é o fim de um projeto de Nação soberana. O governo Bolsonaro pretende entregar todas nossas riquezas e empresas públicas para as multinacionais, em especial as sediadas nos Estados Unidos”, destacou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.
Logo após às eleições, a imprensa noticiou que Guedes tinha a intenção de fundir o Banco do Brasil com o Bank of America. Na ocasião, o então futuro ministro da Economia negou a informação e disse que se tratava de algo conceitual e que não deveria ser interpretada como plano de governo, muito menos para o curto ou médio prazo.
Para o ministro, a falta de crédito no Brasil se deve ao fato de os bancos públicos ficarem com a responsabilidade de fornecer dinheiro mais barato para alguns setores da economia.
Papel estratégico
Para o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco Brasil (CEBB), Wagner Nascimento, o que o ministro da Economia considera ser um problema é, na verdade, o trunfo do governo. “Se os bancos privados se negam a cumprir seu papel social de contribuir com o desenvolvimento em todas as regiões e setores econômicos do país, os bancos públicos podem fazê-lo”, disse. “Mas, esse governo não entende o papel estratégico dos bancos públicos. Por isso, estamos vendo o desmonte do Banco do Brasil, da Caixa (Econômica Federal), do BNB (Banco do Nordeste) e dos demais bancos públicos federais”, completou o coordenador da CEBB.
“O resultado desse desmonte dos bancos e demais empresas públicas é que a economia do país patina. Até mesmo os analistas do mercado que defendem o governo já declararam aquilo que o povo sofre na pele: a economia está em recessão e o desemprego atinge 13,4 milhões de brasileiros”, afirmou a presidenta da Contraf-CUT.
Dados do Instituto Brasileiros de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta quinta-feira (16), mostra que o desemprego cresceu em 13 estados e DF no primeiro trimestre. A pesquisa aponta ainda que, no primeiro trimestre, a taxa de desemprego no país foi de 12,7%, 1,1 ponto percentual acima do registrado no trimestre anterior, com 13,4 milhões de pessoas procurando emprego. A taxa de subutilização bateu recorde de 25%, o equivalente a R$ 28,3 milhões.
As maiores taxas de desemprego foram registradas no Amapá, Bahia e Acre, mas o desemprego subiu em 14 dos 27 estados brasileiros no primeiro trimestre. Ao analisarmos os dados por regiões, vemos que o desemprego aumentou em todas elas.
Importância dos bancos públicos
Os bancos públicos são os principais responsáveis pelo crédito em todo o país. Eles são responsáveis por 100% do crédito imobiliário nas regiões Nordeste e Centro-Oeste. Esse percentual chega a 99,9% no Sul, 94,5% no Norte e 66,8% no Sudeste.
Na carteira de crédito rural, acontece algo semelhante, chegando a 100% deste tipo de crédito no Norte, 89,5% no Nordeste, 82,1% no Centro-Oeste, 70,8% no Sul e 68,3% no Sudeste.
A Contraf-CUT produziu uma cartilha que mostra a importância dos bancos públicos para o desenvolvimento socioeconômico do país.